terça-feira, 27 de outubro de 2009

* "Sabe o que faz uma pessoa ser única?"




Foi assim que ele apareceu. Nosso primeiro contato se deu através de uma indagação.
Desde Fevereiro de 2008 nosso contato é esse: eu escrevo, ele comenta.
E quem respondeu àquela pergunta? Ninguém. Mas hoje já tenho uma ideia melhor sobre o que faz uma pessoa ser única... pois não sei quem é, nem porque acompanha (ou acompanhava) meus posts, mas sua ausência já me causa certo incômodo.
"... O que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem da vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher." Veronica Shoffstall
Quase um filósofo de buteco. Alguém que apenas me acompanha virtualmente (até onde eu sei) e mesmo assim faz muita diferença.


"Mais uma dose? É claro que eu tô a fim, a noite nunca tem fim. Baby, por que a gente é assim?" POR QUE A GENTE É ASSIM (Cazuza)

domingo, 4 de outubro de 2009

* SAVE ME

Pior do que desistir de alguma coisa é desistir de uma pessoa.

Ainda acreditar nas pessoas é o que me faz ter certeza de que escolhi a profissão certa. Mas confesso que às vezes, no que se refere a minha vida afetiva, também desisto. Desisto quando vejo que insisto em algo que não depende apenas de mim, depende do que o outro sente, ou não sente.

É certo desistir nos primeiros obstáculos? É certo prosseguir frente a uma possível grande decepção? Eu não sei. Mas na dúvida eu abro mão. Abro mão do que sonhei, do que presenciei, do que se fez importante pra mim...

Praticar o desapego tem sido meu esporte mais frequente.

Mas é isso, sem muito a declarar, palavras se fazem desnecessárias nesse momento. Mesmo sem uma bola de cristal foi fácil prever a minha perda. É nítido que duas pessoas não ocupam o mesmo espaço.

Não foi algo que eu fiz ou deixei de fazer. Não socializar, ser tímida ao extremo, beber, pressionar, criar expectativas, me abrir demais... É fato que não sei demonstrar as coisas, mas me ausento de qualquer tipo de culpa. Apenas me corrói a ânsia de obter um "por que".








"Loving you like I never have before and needing you just to open up that door. Begging you might somehow turn the tides and tell me too I've got to get this off my mind. I never thought I'd be speaking these words, I never thought I'd need to say... Another day alone is more than I can take. Won't you save me? Save is what I need... I just wanna be by your side. Won't you save me? I don't wanna to be just drifting through the sea of life." SAVE ME (Hanson)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

* FORAM ANOS INCRÍVEIS...

"Era uma vez uma garota que morava do outro lado da rua. Cabelos castanhos, olhos castanhos. Quando ela sorria, eu sorria. Quando ela chorava, eu chorava. Tudo que me aconteceu de importante tinha, de alguma maneira, algo a ver com ela. Naquele dia Winnie e eu prometemos estar juntos pra sempre, não importando o que acontecesse. Uma promessa cheia de paixão, verdade e sabedoria. O tipo de promessa que só corações jovens podem fazer."

Por muito tempo eu fui a garota do outro lado da rua, achei que nada mudaria. As coisas eram muito claras há 16 anos atrás. Não eram fáceis, mas eram claras.
Cresci assistindo "Anos Incríveis" como se assistisse a episódios da minha própria vida. Toda tarde me sentava no sofá da sala e via Kevin narrar fatos de sua vida na escola, na rua, em casa, com Paul, Winnie... e fazer isso, de alguma forma, amenizava a saudade que eu sentia.
Saudade de alguém que representava um Kevin Arnold pra mim, alguém em quem eu projetei a história da série, como se pudesse ser tudo igual. Mas há de se imaginar que não foi. Foi parecido, mas não foi igual. No verão de 94 mudamos pra escolas diferentes e eu nem imaginava o tempo que levaria até encontrá-lo novamente. "Eu nunca soube, até aquele momento, o quanto doía perder algo que você realmente nunca teve."
[...] "Então, Winnie e eu dançamos nossa música lenta. As coisas não seriam mais iguais entre nós. Estávamos crescendo. E, quiséssemos ou não, as Lisas Berlinis e os Kirks McCrays nos mudariam para sempre. Só podíamos fechar os olhos e desejar que a música lenta nunca acabasse."
Talvez ainda seja o efeito de ter aparecido uma "Lisa Berlini" na história, mas as coisas não são mais as mesmas. A amizade, o amor, a cumplicidade, o que fazia os anos serem incríveis...
Nunca imaginei que pudesse ser diferente e o impacto que essa mudança causou me afetou profundamente. Já dizia o Kevin que crescer não era fácil. E assim como Winnie eu também nunca tive certeza do que queria, talvez nem do que sentia, o que de fato importava era o "estar junto", mas isso não faz diferença agora. A música lenta parou de tocar.

"Would you believe in a love at first sight? I'm certain it happens all the time. What do you see when you turn off the lights? I can't tell ya, but it sure feel like mine." WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS (The Beatles)

*Na abertura da série a música é uma versão de Joe Cocker.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

* EU CONCORDO, DANUZA!

"Duas bolas, por favor... Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido. Uma só.
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.
O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.
A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade.
A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons. Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de ‘fácil’). Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta. Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo. Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai.
Tantos deveres, tanta preocupação em ‘acertar’, tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação… Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão… Às vezes dá vontade de fazer tudo ‘errado’.
Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: ‘Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora’…
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.
Um dia a gente cria juízo. Um dia. Não tem que ser agora.
Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate, um sofá pra eu
ver 10 episódios do ‘Law and Order’, uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK?
Não necessariamente nessa ordem.
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago ..."




Danuza Leão

*Foto extraída do filme "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain".

Não preciso nem comentar... quem acompanha meus dias sabe o quanto concordo plenamente. Mas trocaria o banho demorado por uma visita sem pressa a alguma cachoeira.

domingo, 14 de junho de 2009

* VIVER DESPENTEADA

"Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie, por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade… O mundo é louco, definitivamente louco…
O que é gostoso, engorda. O que é lindo, custa caro. O sol que ilumina o teu rosto enruga. E o que é realmente bom dessa vida, despenteia…
- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar à pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível…
Então, como sempre, cada vez que nos encontrarmos eu vou estar com o cabelo bagunçado… mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida. É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.
Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável, toda arrumada por dentro e por fora. O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença: arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria… e talvez devesse seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenho que me sentir bonita? A pessoa mais bonita que posso ser!
O único, o que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser. Por isso, minha recomendação a todas as mulheres: entregue-se, coma coisas gostosas, beije, abrace, dance, apaixone-se, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, corra, voe, cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável! Admire a paisagem, aproveite, e acima de tudo, deixe a vida te despentear!!!!
O pior que pode passar é que, indo frente ao espelho, você precise se pentear de novo..."

*Desconheço a autoria




Engraçado que recebi este texto logo após ir numa festa em que as pessoas "batiam cabelo", e sabe de uma coisa? Essas pessoas estavam literalmente despenteadas... e felizes!
Creio que o mais importante seja enfatizar que a beleza vem de dentro pra fora, sim, acredito seguramente nisso. Sabendo aproveitar o momento, aproveitando de fato.
Como o fiz na quinta, na sexta e no sábado! Como deve-se fazer todo dia. Cada gesto, cada jogo, cada abraço, cada recado, cada beijo, cada amigo, cada festa, cada foto... tudo! Tudo aproveitado ao máximo. Porque é assim que tem que ser, é assim que eu gosto!
"Cabelo na cara, óculos escuros, boca séria... eu adoro o mundo civilizado, a noite indisciplinada. Espalhada entre rostos e luzes vi você" SAMBA SUB DUB MIX (Marisa Monte)

sábado, 11 de abril de 2009

* QUALQUER ARREPIO, MEDO E FRIO



Como o que ficou para trás, mas não ficou. Retorno do recalcado.

"I watch you there through the window and I stare at you. You wear nothing, but you wear it so well. Tied up and twisted, the way I'd like to be... for you, for me, come crash into me, baby." CRASH INTO ME (Dave Matthews Band)

*As imagens constam no clipe da música, =). http://www.youtube.com/watch?v=oQ_Nf7yGxbc&feature=PlayList&p=AE8044C2D6EA3361&playnext=1&playnext_from=PL&index=9

domingo, 1 de março de 2009

* FUI MORAR NUMA ILHA

Me mudei pra uma ilha, levei apenas meu edredom e meu travesseiro.
Não mais deixar-me-ei afligir pelo passar do tempo, pelo passar das pessoas, pela falta dos sentimentos que um dia experimentei...
Pensando no futuro -ainda sozinha na ilha- eu, minha casa, meu cachorro e meu emprego, apenas. Mas sempre aparece algo que muda tudo. Não sei se foi ruim, nem se foi bom, só sei que mudou e que a expectativa é boa, mesmo ainda morando numa ilha.
Como em Kate & Leopold... "Eu vivo numa ilha ligada a outros lugares por pontes, mas nunca atravessei nenhuma delas".
Uns vão, outros ficam, mas cada qual com sua ilha particular. Descobri a minha e não quero mais sair dela. Então, você vem dizer que me quer do outro lado da ponte. Convença-me.
O que importa é que ainda está tudo bem, tudo novo e confuso mas calmo... tudo muito calmo. Minhas experiências anteriores me prepararam pra este momento, pra saber lidar com esta nova fase e me adaptar.
Eu tenho um sonho, tenho traçado meu objetivo e por mais que exista a interferência de outras coisas, saber que caminho em direção a ele basta pra fazer-me sentir bem.


"Tenho andado distraído, impaciente e indeciso. E ainda estou confuso só que agora é diferente, estou tão tranqüilo e tão contente..." QUASE SEM QUERER (Legião Urbana)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

* MULHERES POSSÍVEIS

'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.
Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas! E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
É ter tempo.
Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias! Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.
Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante' .
Martha Medeiros (Jornalista e escritora)
Texto extraído da Revista do Jornal O Globo.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

* FIM

Uma vez comecei a ler este texto, mas me julguei em um momento "não apropriado" para lê-lo - de acordo com o tema e a introdução - e resolvi deixá-lo pra lá, não terminei de ler. Mas como parece que tudo tem seu tempo, sua hora, ele voltou a aparecer em minha caixa de entrada...


"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistimos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que sentem-se culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto as vezes ganhamos, e as vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o está apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não tem data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do momento ideal.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, não voltará. Lembre-se que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é."

Fernando Pessoa



Mas desta vez eu o li inteiro... e várias vezes. Concordo plenamente.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

* SÓ TU

"Dos lábios que me beijaram,
Dos braços que me abraçaram
Já não me lembro, nem sei...
São tantos os que me amaram!
São tantos os que eu amei!

Mas tu - que rude contraste!
Tu, que jamais me beijaste,
Tu, que jamais abracei,
Só tu, nest'alma, ficaste,
De todas as que eu amei."
(Paulo Setúbal)








E quem vai explicar o porquê de sentirmos o que sentimos? Ou o que não sentimos? O porquê de gostar de quem não gosta de nós ou de quem está longe? Acho sim que existe motivo pra tudo, principalmente para o sofrimento a que costumamos nos apegar...
É como se aprender a conviver com a dúvida destes "porquês" nos fosse ser recompensado com o dia em que saberemos todas as respostas. E eu acredito nisso. Então espero.
Espero por esse dia, espero por você... por mim e por você.
"So baby dry your eyes, save all the tears you've cried, that's what dreams are made of. Because we belong in a world that must be strong, that's what dreams are made of. We'll get higher and higher... straight up we'll climb higher and higher leave it all behind. We'll get higher and higher, who knows what we'll find? And in the end on dreams we will depend... cause that's what love is made of."
DREAMS (Van Halen)

domingo, 4 de janeiro de 2009

* SOMENTE O VAZIO

Não há o que dizer
Não há o que pensar
Sem ninguém para ouvir
Não há o que ler
Não há o que aprender
Sem ninguém para ensinar
Não há a quem amar
Não há a quem se dedicar
Sem ninguém para compartilhar
Não há o que se discutir
Não há o que planejar
Sem ninguém para se debater
Não há onde fugir
Não há onde se esconder
Sem ninguém para proteger
Não há o que compor
Não há o que cantar
Sem ninguém para aplaudir
Não há o que orar
Não há o que se arrepender
Sem ninguém para sofrer
Não há o que temer
Não há o que se acovardar
Sem ninguém para ameaçar
Não há o que escrever
Não há o que expressar
Sem ninguém para criticar
Há um vazio a espera de ser preenchido
Não com metáforas e antagonismos
Mas com amor e humanidade.
Agamenon Troyan
Preciso de calma, muita, mas muita paciência. Dizer que não escolhi esta situação seria fácil, não que eu a tenha apontado, mas cooperei para que assim fosse. Não por mim, mas por quem é importante para mim. É apenas nisso que devo pensar. E este imenso vazio, de alguma forma, há de me preencher.