domingo, 11 de maio de 2008

* SUAVÍSSIMA

Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .No céu de outono, anda um langor final de pluma

Que se desfaz por entre os dedos, vagamente . . .

Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .Tudo se apaga, e se evapora, e perde, e esfuma . . .


Fica-se longe, quase morta, como ausente . . .Sem ter certeza de ninguém . . . de coisa alguma . . .Tem-se a impressão de estar bem doente, muito doente,

De um mal sem dor, que se não saiba nem resuma . . .E os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .

Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . . A alma das flores, suave e tácita, perfuma a solitude nebulosa e irreal do ambiente . . .

Os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .Tão para lá! . . . No fim da tarde . . . além da bruma . . .

E silenciosos, como alguém que se acostuma
A caminhar sobre penumbras, mansamente,
Meus sonhos surgem, frágeis, leves como espuma . . .

Põem-se a tecer frases de amor, uma por uma . . .E os galos cantam, no crepúsculo dormente . . .



Cecília Meireles

3 comentários:

gugapiva disse...

reticências...


to be continued...

etc e tal ...

Anônimo disse...

Nota-se ai

a importancia do galo...canta canta e nem sabe o pq...

=)

Anônimo disse...

Vim aqui pegar emprestado uma foto q está no seu blog...

P.S: Seu blog é encantador...

Bjim!