quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

* FIM

Uma vez comecei a ler este texto, mas me julguei em um momento "não apropriado" para lê-lo - de acordo com o tema e a introdução - e resolvi deixá-lo pra lá, não terminei de ler. Mas como parece que tudo tem seu tempo, sua hora, ele voltou a aparecer em minha caixa de entrada...


"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistimos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que sentem-se culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto as vezes ganhamos, e as vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o está apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não tem data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do momento ideal.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, não voltará. Lembre-se que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é."

Fernando Pessoa



Mas desta vez eu o li inteiro... e várias vezes. Concordo plenamente.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

* SÓ TU

"Dos lábios que me beijaram,
Dos braços que me abraçaram
Já não me lembro, nem sei...
São tantos os que me amaram!
São tantos os que eu amei!

Mas tu - que rude contraste!
Tu, que jamais me beijaste,
Tu, que jamais abracei,
Só tu, nest'alma, ficaste,
De todas as que eu amei."
(Paulo Setúbal)








E quem vai explicar o porquê de sentirmos o que sentimos? Ou o que não sentimos? O porquê de gostar de quem não gosta de nós ou de quem está longe? Acho sim que existe motivo pra tudo, principalmente para o sofrimento a que costumamos nos apegar...
É como se aprender a conviver com a dúvida destes "porquês" nos fosse ser recompensado com o dia em que saberemos todas as respostas. E eu acredito nisso. Então espero.
Espero por esse dia, espero por você... por mim e por você.
"So baby dry your eyes, save all the tears you've cried, that's what dreams are made of. Because we belong in a world that must be strong, that's what dreams are made of. We'll get higher and higher... straight up we'll climb higher and higher leave it all behind. We'll get higher and higher, who knows what we'll find? And in the end on dreams we will depend... cause that's what love is made of."
DREAMS (Van Halen)

domingo, 4 de janeiro de 2009

* SOMENTE O VAZIO

Não há o que dizer
Não há o que pensar
Sem ninguém para ouvir
Não há o que ler
Não há o que aprender
Sem ninguém para ensinar
Não há a quem amar
Não há a quem se dedicar
Sem ninguém para compartilhar
Não há o que se discutir
Não há o que planejar
Sem ninguém para se debater
Não há onde fugir
Não há onde se esconder
Sem ninguém para proteger
Não há o que compor
Não há o que cantar
Sem ninguém para aplaudir
Não há o que orar
Não há o que se arrepender
Sem ninguém para sofrer
Não há o que temer
Não há o que se acovardar
Sem ninguém para ameaçar
Não há o que escrever
Não há o que expressar
Sem ninguém para criticar
Há um vazio a espera de ser preenchido
Não com metáforas e antagonismos
Mas com amor e humanidade.
Agamenon Troyan
Preciso de calma, muita, mas muita paciência. Dizer que não escolhi esta situação seria fácil, não que eu a tenha apontado, mas cooperei para que assim fosse. Não por mim, mas por quem é importante para mim. É apenas nisso que devo pensar. E este imenso vazio, de alguma forma, há de me preencher.